segunda-feira, 04/06/2018
As universidades do Minho e de Valência, em Espanha, vão
acolher a sede pan-europeia da Infraestrutura de Investigação de Recursos
Microbianos (MIRRI), uma plataforma que visa facilitar o acesso e a gestão
legal de recursos microbianos para o desenvolvimento de soluções sustentáveis
no domínio das biotecnologias.
A proposta foi apoiada pelos
governos português e espanhol, tendo sido aprovada, no corrente mês, numa
reunião com representantes dos sete países membros (Bélgica, França, Grécia,
Letónia, Polónia, Portugal e Espanha) que assinaram até à data o memorando de
entendimento do MIRRI. O campus de Gualtar da UMinho vai sediar
estatutariamente o organismo e no campus de Paterna da Universidade de Valência
vão instalar-se os serviços informáticos e
telemáticos, apoiados pela LifeWatch, uma plataforma eletrónica de referência
mundial na proteção, gestão e uso sustentável da biodiversidade.
O MIRRI será estabelecido como
uma entidade legal sem fins lucrativos, seguindo um modelo distribuído com uma
unidade central de coordenação e com “nós nacionais” nos vários Estados
parceiros. A infraestrutura pretende facilitar o acesso, a nível europeu, a uma
ampla gama de recursos microbiológicos e aos dados a eles associados de alta
qualidade, gerando soluções eficientes para os grandes desafios da sociedade e
estimulando a interação entre a academia e a bioindústria. Segundo Eugénio Campos Ferreira,
diretor do Centro de Engenharia Biológica, o centro de investigação onde o
MIRRI será albergado, “a infraestrutura MIRRI, a única organização deste tipo
com sede em Portugal, preservará e disponibilizará microrganismos (meio milhão
de diferentes bactérias, fungos, leveduras, vírus, algas unicelulares) à
comunidade de investigação e às empresas do setor da bioeconomia. Também se
constituirá como portal de acesso e associação das diversas coleções e
repositórios europeus de recursos biológicos”.
A proposta foi elaborada por Nelson Lima, diretor da Micoteca da UMinho, e Rosa
Aznar, diretora da Coleção Espanhola de Cultivos Tipo da Universidade de
Valência, contando com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, bem como da
Secretaria de Estado da Investigação e Inovação, do Ministério da Economia,
Indústria e Competitividade de Espanha. Após a fase preparatória, financiada
pelo programa-quadro FP7 com um orçamento superior a três milhões de euros, o
MIRRI entra na sua fase de consolidação. O processo de formalização do
MIRRI-European Research Infrastructure Consortium está agendado para setembro,
tendo em vista a constituição do MIRRI como entidade legal reconhecida pela
Comissão Europeia até ao final de 2019.
“A co-localização na Universidade do Minho da sede pan-europeia
do MIRRI é o culminar de um dedicado trabalho de preparação da candidatura por
parte do Professor Nelson Lima, responsável do grupo de Micologia Aplicada do Centro
de Engenharia Biológica”, congratula Eugénio Campos Ferreira.