Este é um dos maiores prémios internacionais na área da Engenharia. De entre os vários candidatos de elevada qualidade, de todo o mundo, que foram analisados por um júri internacional (não são admitidas candidaturas ao prémio, sendo os candidatos pré-selecionados por esse júri), Rui L. Reis foi selecionado devido “às suas contribuições notáveis e às décadas de investigação de excelência na área da engenharia de tecidos 3D para novos terapias regenerativas e para o desenvolvimento de modelos de doença”.
O financiamento proporcionado por este prémio vai apoiar mais cinco anos de investigação, cujo objetivo é criar uma plataforma única de engenharia de tecidos que permita a criação de microambientes de cancro em 3D. Estes microambientes podem ser usados como modelos funcionais de doença para testar medicamentos contra o cancro, que ainda estão a ser concebidos pela indústria farmacêutica, bem como experimentar terapias inovadoras, ainda em fase de ensaios pela comunidade médica.
O cancro é a terceira causa de morte em todo o mundo. “Um dos maiores obstáculos que os cientistas ligados ao desenvolvimento e à avaliação de novos fármacos e terapias contra o cancro enfrentam é o facto de os modelos pré-clínicos serem incapazes de prever, de uma forma fiável, se um determinado fármaco vai atuar contra o cancro e, ao mesmo tempo, ter uma toxicidade aceitável no organismo humano. A maior parte dos modelos animais não são representativos das situações humanas e, atualmente, mais de 70% e 80% da investigação sobre cancro baseia-se em modelos em 2D que não replicam de forma rigorosa as propriedades a três dimensões de células cancerígenas, nomeadamente tumores”, explica o cientista.
“Sinto-me honrado por receber este prémio, considerado por muitos como um dos maiores prémios de engenharia internacionais”, afirma Rui L. Reis. “É um privilégio ser o primeiro cientista galardoado, cuja carreira foi toda feita num país, em Portugal, onde a língua não é a inglesa e que também não é uma potência científica. Espero que o prémio nos ajude a utilizar os nossos conhecimentos em engenharia de tecidos e medicina regenerativa para ajudar a solucionar este problema, através da criação de modelos inovadores, funcionais e fiáveis de cancro em 3D. Isso vai ajudar a prever a eficácia de medicamentos e potenciais terapias, evitando recorrer a testes desnecessários em animais ou a ensaios pré-clínicos e clínicos de medicamentos destinados a nunca avançar para reais aplicações médicas. Certamente que terá um impacto no futuro da prestação de cuidados de saúde”, acrescenta.
John O’Reilly, presidente do comité de seleção para o “Harvey Engineering Research Award”, declarou: “Este prémio é atribuído ao professor Rui L. Reis em reconhecimento do seu notável percurso de investigação e impressionante recorde de publicações na área da engenharia de tecidos e medicina regenerativa. Os ensaios sobre a eficácia de novos medicamentos contra o cancro continuam a ser um dos maiores desafios que os cientistas enfrentam. A investigação desenvolvida pelo premiado e pela sua equipa pode acelerar a avaliação de novos medicamentos e a aprovação de novos tratamentos”.
Este galardão foi criado com o nome do engenheiro Arthur Frank Harvey, que doou uma quantia generosa ao IET para um fundo dedicado à promoção da investigação científica nos domínios da engenharia médica, engenharia de micro-ondas, engenharia laser e engenharia de radares. É atribuído todos os três anos a cada uma destas áreas, sendo este ano entregue pela terceira vez em engenharia médica. No âmbito desta distinção, Rui L. Reis vai proferir a palestra “Eng The Cancer”, no próximo dia 20 de março, nas instalações do IET, em Savoy Place, Londres (Reino Unido). Trata-se do terceiro prémio relevante atribuído em 2017 ao professor catedrático da UMinho, depois do prémio de contribuições para a literatura científica da “Tissue Engineering and Regenerative Medicine International Society” (TERMIS) e do “UNESCO Life Sciences Award”.
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