sexta-feira, 31/03/2017
O SRP – Projeto de Reforço Sísmico conta com a
intervenção do Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Estruturas de
Engenharia (ISISE) da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM), da
Universidade Católica do Perú e do Instituto de Conservação Getty, nos EUA.
O Projeto de Reforço Sísmico
utiliza materiais e técnicas de construções tradicionais – associadas a
metodologias avançadas – para desenvolver ferramentas para a manutenção e o
reforço sísmico de construções existentes em terra (onde habita cerca de 25% da
população mundial, o equivalente a 2 biliões de pessoas). Os materiais usados
na construção tradicional e em determinados contextos acabam por ser pouco
resistentes às ações sísmicas. Estas construções são responsáveis por um número
significativo de mortes no mundo, sempre que um sismo de grande dimensão ocorre
em construções que não foram pensadas para resistir ao impacto sísmico.
“A ideia deste projeto é
que não seja especificamente para o Perú, mas sim que possa ser usado em todos
os países – essencialmente em desenvolvimento –, daí as técnicas e materiais não
terem custos elevados e estarem facilmente disponíveis no local. O objetivo é essencialmente
a América Latina, mas também o mundo todo”, esclarece Paulo Lourenço, docente
do Departamento de Engenharia Civil da EEUM e responsável do projeto na UMinho.
O objetivo final do
Projeto de Reforço Sísmico é atuar numa lógica preventiva, o que significa trabalhar
no reforço e na reparação dos edifícios antes que ocorra um sismo. “Estudamos a construção com métodos e ferramentas
de análise avançados. Conseguimos prever o nível de segurança atual da
construção e, depois do reforço efetuado, qual o nível de segurança posterior”,
sublinha Paulo Lourenço.
A pensar na conservação
do património cultural, o investigador não tem dúvidas de que o projeto será
uma mais-valia para evitar a perda de identidade cultural das construções. “O
que se tem observado nos grandes sismos para este género de construções que são
relativamente pesadas, frágeis, mal ligadas e que sofrem problemas graves de
ausência de manutenção é que cerca de dois terços do património cultural
construído colapsa num sismo de magnitude elevada e, portanto, há uma perda
grande de identidade. É algo que é irrecuperável. Podemos sempre reconstruir,
mas o valor dos materiais e das tecnologias originais perde-se”, reforça.
O Projeto de Reforço Sísmico
envolve três parceiros beneficiários e conta – até ao final de 2017 – com 220
mil euros provenientes do Instituto de Conservação Getty para a UMinho.
+ info: http://www.isise.net/