segunda-feira, 26/02/2018
Ciclo de entrevistas aos
membros do Conselho Consultivo da EEUM. Nesta edição, Fernando Santo,
Administrador do Montepio Gestão de Ativos, em Lisboa.
O
Conselho Consultivo da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM) é o
órgão de aconselhamento dos órgãos de governo da Escola para assuntos de
definição estratégica. Composto por nove personalidades de reconhecido mérito
nos domínios da sua atividade, estes têm como missão pronunciar-se sobre
assuntos de caráter pedagógico, científico e de interação com a sociedade.
Nesta edição, falámos com Fernando Santo, Administrador do Montepio Gestão de
Ativos, em Lisboa.
Qual a importância de ser um
membro do Conselho Consultivo da EEUM?
Depois
de ter dedicado seis anos da minha vida à Ordem dos Engenheiros, como Bastonário,
período em que ajudei a promover a excelência da engenharia portuguesa e
acompanhei a maioria dos processos
legislativos
que envolveram a engenharia e em particular a implementação da Reforma de
Bolonha, ser membro do Conselho Consultivo é uma oportunidade para conhecer o
trabalho desenvolvido pela EEUM e poder contribuir com uma visão mais
transversal perante os desafios que o país enfrenta e a concorrência entre
Escolas de Engenharia para atrair alunos.
Em termos gerais, quais as
contribuições de um membro externo para este órgão de aconselhamento?
Os
membros externos têm experiências diversificadas na gestão de empresas, em
diferentes áreas de engenharia, que procuram transmitir aos representantes da
EEUM no Conselho Consultivo. Quando as empresas recrutam engenheiros no início
da profissão, tendem a escolher ex-alunos das Escolas de Engenharia que mais se
destacam no ranking nacional e em
particular em áreas mais especializadas, como é o caso da EEUM. Por outro lado,
é importante que as Escolas de Engenharia assumam a importância da comunicação
das suas competências e dos resultados obtidos com os seus alunos, pois a
capacidade para atrair alunos deve fazer parte dos seus objetivos.
No
geral, os engenheiros, fruto do modelo tradicional de ensino das Escolas de
Engenharia, não são preparados para saber “vender” o seu saber e as
competências específicas. No passado, quando a empregabilidade dos
recém-formados era elevada, esta questão não era muito importante, mas na época
atual é cada vez mais necessário saber transmitir as nossas capacidades.
Qual o balanço que realiza da
evolução da EEUM nos últimos anos, sob a visão do atual Conselho Consultivo?
A
EEUM tem vindo a diferenciar-se através de uma forte ligação com as empresas,
com projetos inovadores e com formação de alunos de engenharia de reconhecida
qualidade. Não podemos ignorar que a atração de bons alunos para iniciarem um
curso de engenharia e a escolha da Escola passa também pela imagem e pelo
reconhecimento da empregabilidade dessa instituição.
Como pode a EEUM continuar a
afirmar-se como Escola de Engenharia de referência no panorama nacional e
internacional?
A
EEUM tem a curta distância a concorrência das Escolas de Engenharia das
Universidades do Porto, Coimbra, Aveiro e de Vila Real. Na minha opinião, não
se pode ser excelente em todas as áreas, mas é possível assegurar a
especialização e a diferenciação das formações em áreas específicas e divulgar
os resultados, como anteriormente referi, através do marketing institucional e
das empresas com quem existem parcerias, ou cujo sucesso resultou do trabalho
de ex-alunos. Por outro lado, Portugal passou a estar na moda no turismo, no
investimento estrangeiro para residência temporária, mas também na atração de
estudantes estrangeiros, a par do recrutamento de engenheiros portugueses para
trabalharem em empresas de engenharia sediadas noutros países. Esta abertura
cria dinâmicas de atração que a EEUM deverá aproveitar para se afirmar.
Que desafios se apresentarão
à EEUM num futuro próximo, considerando a articulação com o tecido industrial e
a sociedade civil?
Estamos
numa época de grandes mudanças, seja na transformação digital, com a designada
4ª Revolução, seja no desenvolvimento de tecnologias mais limpas que protejam o
ambiente, com o objetivo de garantir uma melhor sustentabilidade do Planeta.
Há, por isso, um enorme campo de investigação e inovação.
Mas, noutra área bem mais corrente, penso que um dos
principais desafios é conciliar o modelo de administração da Universidade,
centralizado nas regras da administração pública e na tutela do Ministério das
Finanças, com o desejado e necessário grau de liberdade, associado a responsabilidade
e resultados,
próprio
de um sistema de ensino, que promova a inovação, a ligação às empresas e o
desenvolvimento de produtos mais adequados à parceria com a iniciativa privada.
Uma Universidade não devia estar submetida às mesmas regras de outros
organismos que prestam serviços públicos tipificados.
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info: https://www.montepio.org/institucional/grupo-montepio/montepio-gestao-de-activos/