A Área de Produção e Sistemas foi
criada em 1976, no âmbito da definição da estrutura orgânica da Universidade do
Minho, materializada no Regulamento Interno Provisório da Universidade do
Minho, homologado por despacho do Secretário de Estado do Ensino Superior e
Investigação Científica, em 10 de fevereiro de 1976, que instituiu a Engenharia
como uma Unidade Pedagógica da Universidade. O ensino da Engenharia começara já
na Universidade do Minho, através da Unidade Científico-Pedagógica de Ciências
Exatas e Tecnologias, mas a primeira referência a “Produção e Sistemas” ocorre
apenas em 1976.
A estrutura da Universidade, com as
suas unidades orgânicas criadas a título provisório, vigorou durante o período
de instalação da Universidade, e manteve-se, com adaptações determinadas pelos
órgãos de governo da Universidade, até à homologação dos seus estatutos, em
1989. A designação passou então a ser Departamento de Produção e Sistemas (DPS)
da Escola de Engenharia da Universidade do Minho.
A ENGINews esteve à conversa com o
atual Diretor do Departamento de Produção e Sistemas (DPS) da EEUM, Professor
José Valério de Carvalho.
Conte-nos
um pouco a evolução da área de Produção e Sistemas desde a sua criação até aos
dias de hoje.
O perfil do engenheiro industrial está bem definido, a nível internacional, e não varia. Nós preparamos alunos para conceber, desenvolver, implementar e melhorar sistemas integrados que incluem pessoas, materiais, informação, equipamento e energia, dando aos alunos uma prática analítica, computacional e experimental adequada a esse fim. Um dos grandes desafios que enfrentamos é fazer isso de acordo com o tempo atual. E vivemos justamente um momento em que há bem pouco foi lançada a iniciativa estratégica Industria 4.0, que muitos anteveem que conduza à quarta revolução industrial. É uma realidade completamente nova. Basicamente a Indústria 4.0 envolve a integração técnica de sistemas ciber-físicos na manufatura e na logística, e o uso da Internet das Coisas e Serviços em processos industriais. Antevêem-se grandes implicações na criação de valor, nos modelos de negócios e na organização do trabalho, e os nossos alunos têm de estar preparados para enfrentar essa realidade.
Do lado do DPS, temos condições para encetar esse desafio. Um dos indícios positivos é que as áreas científicas do DPS coincidem genericamente com os grupos de trabalho da iniciativa Indústria 4.0.
Qual
o contributo da Produção e Sistemas para o nosso dia-a-dia?
O que se procura é aumentar a
eficiência dos sistemas, utilizando os recursos de uma forma mais racional,
seja através da otimização dos sistemas, seja através da inovação, tendo sempre
em vista aumentar a produtividade, para tornar melhor, ou mais fácil, a vida
das pessoas.
Um dos exemplos clássicos é o sistema
de triagem de Manchester, usado nas urgências dos hospitais, que foi concebido
por engenheiros industriais e que mostra que a Produção e Sistemas, para além
das aplicações na indústria, tem também aplicação na área dos serviços.
Outro exemplo da área da otimização é
o planeamento da operação de companhias áreas. Quando começou a ser utilizada,
houve um decréscimo real do preço das viagens áreas. Apesar de ser um sistema
complexo, que envolve pessoas, aviões e inúmeras restrições, é possível
encontrar planos que se traduzem em grandes economias. Conheço um caso em que a
otimização permitiu reduzir em 17% os custos de operação de uma grande
companhia de aviação europeia.
Quais
as principais personalidades que distinguiria na dinamização do departamento e
da sua política de atuação?
Não é fácil singularizar. Eu
distinguiria o Professor Romero, pelo seu papel de introdução da área
científica em Portugal de uma forma estruturada, e o Professor Guimarães
Rodrigues, pela forma como dirigiu e sempre acompanhou o departamento. Mas
todos os dias vejo, nos meus colegas, nos funcionários e nos nossos alunos e antigos
alunos, empenho e dedicação, e o “talant de bien faire”. Tenho a certeza que
todos podemos construir um futuro brilhante para ajudar a afirmar a área de
Engenharia e Gestão Industrial.
Falou
há pouco de um grande desafio do DPS. Que outros desafios é que o DPS enfrenta?
Há vários, e muitos. Um deles é a
acreditação do nosso curso por entidades internacionais. O Mestrado Integrado em
Engenharia e Gestão Industrial está acreditado pela A3ES pelo período máximo,
mas temos de ir mais longe, porque a Universidade do Minho e a Escola de
Engenharia se inserem no espaço europeu, e é nesse espaço que temos de ser
reconhecidos. Outro desafio é lecionar em inglês, para aumentar a atratividade
do nosso curso por alunos Erasmus. E há muitos mais… Estaremos cá nos próximos
40 anos.
O Dia do Departamento de Produção e
Sistemas, a 18 de fevereiro de 2016, abriu as celebrações dos 40 anos de
Produção e Sistemas na Universidade do Minho. Ao longo do ano, decorreu já um
conjunto de eventos temáticos abertos à comunidade, a Semana de Inovação (de 22 a 26 de fevereiro), a Semana da Investigação Operacional (de 11 a 17 de março), a Semana da Estatística Industrial (de 8 a 15 de abril). Decorreu ainda no dia 6 de
maio o Workshop de Gestão de Projetos.
Para os próximos meses estão agendadas
a Semana da Gestão Industrial (de 24 a 28 de outubro) e a Semana da Qualidade (de 4 a 10 de novembro).
+ Info: www.dps.uminho.pt