segunda-feira, 30/04/2018
Ciclo de entrevistas aos
membros do Conselho Consultivo da EEUM. Nesta edição, José Luís Encarnação, Professor
na Universidade Técnica de Darmstadt, na Alemanha.
O
Conselho Consultivo da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM) é o
órgão de aconselhamento dos órgãos de governo da Escola para assuntos de
definição estratégica. Composto por nove personalidades de reconhecido mérito
nos domínios da sua atividade, estes têm como missão pronunciar-se sobre
assuntos de caráter pedagógico, científico e de interação com a sociedade.
Nesta edição, falámos com José Luís Encarnação, Professor na Universidade Técnica
de Darmstadt, na Alemanha.
Qual a importância de ser um
membro do Conselho Consultivo da EEUM?
Tenho,
já há bastantes anos, uma boa e intensiva relação com a UMinho e com a EEUM. A
minha vida profissional e académica é na Alemanha, onde resido e trabalho desde
1959. Entre muitas outras coisas, fundei na Alemanha (Darmstadt) uma
Instituição de Cooperação em I&D e em Inovação com a Indústria, chamada Zentrum für Graphische Datenverarbeitung
(ZGDV). Isso levou a que se instalasse em Guimarães, numa cooperação entre o
ZGDV e a UMinho, o “Centro de Computação Gráfica” (CCG), que tem tido um
percurso institucional muito positivo, sendo agora uma instituição interface da
UMinho com muito sucesso. O ser agora membro do Conselho Consultivo da EEUM
demonstra por um lado que a nossa cooperação é intensiva e tem tido sucesso,
por outro lado que as relações pessoais com Professores e com a Direção da EEUM
são construtivas e de confiança.
Em termos gerais, quais as
contribuições de um membro externo para este órgão de aconselhamento?
Como
membro externo deste órgão, coloco toda a minha experiência, todos os meus
contactos e todas as “lessons learned”
em mais de quatro décadas como Professor em Universidades alemãs (Berlim,
Saarbrücken e Darmstadt) e como Chefe de Departamento e/ou Diretor em
Instituições de P&I (Heinrich Hertz
Institut, em Berlim, e Fraunhofer
Gesellschaft, em Darmstadt) ao serviço da EEUM para aconselhar a
Presidência da Escola e a apoiar no seu trabalho da melhor maneira que me seja
possível.
Qual o balanço que realiza da
evolução da EEUM nos últimos anos, sob a visão do atual Conselho Consultivo?
A
evolução da EEUM nos últimos anos tem sido, na minha opinião, muito positiva,
tendo especialmente em consideração as dificuldades financeiras e operacionais
com que a Presidência da EEUM tem sido confrontada. Apesar de tudo isso, a EEUM tem uma boa posição em quase todos os rankings de interesse e de relevância
para uma Escola deste tipo.
Qual o impacto da cooperação
das instituições em que tem estado envolvido com a EEUM?
A
Instituição em que tenho estado mais envolvido com a EEUM é o CCG, já
mencionado. As atividades e os resultados alcançados pelo CCG, tanto a nível
nacional como internacional, têm sido uma grande satisfação para mim.
Como pode a Escola de
Engenharia capitalizar o investimento em empreendedorismo e inovação e a sua
ligação estratégia à indústria regional e nacional?
Aqui
a EEUM tem duas contribuições extremamente importantes a dar:
(a) – “produzir “para esse mercado pessoal
(recursos humanos) altamente qualificado e com conhecimento nas novas
tecnologias e nas novas tendências. A EEUM deve pensar não só nos doutorados, mas
também em dar prioridade aos engenheiros diplomados (mestrados integrados e licenciaturas)
(b) – “ser uma fonte de outsourcing”
estratégico para a indústria regional e nacional baseando-se para isso no know-how e na qualificação dos seus
professores. Para isso deve-se envolver também em projetos de P&I em temas,
tecnologias e tendências atuais e de interesse para a indústria, se possível
até mesmo realizando estes projetos em cooperação direta com a indústria.
Que desafios representa a
indústria 4.0 para o ensino de engenharia?
Certas
tecnologias, especialmente as tecnologias e aplicações usando ou integrando
tecnologias TIC, desenvolvem-se mais rapidamente e entram mais depressa no
mercado do que os currículos programáticos nas Universidades se conseguem
adaptar. Portanto, em certos temas (Indústria 4.0, Internet of Things, etc.), os conhecimentos e as experiências
necessárias ainda não são parte dos conteúdos lecionados das Universidades,
existindo um certo desfasamento entre o que o mercado exige e o que as
Universidades ensinam. Isto leva muitos países ao adotar o modelo que a
Medicina utiliza há muito tempo com as suas Universidades Hospitalares,
instalando as chamadas “Teaching
Factories”, ou “Learning Factories”.
A EEUM deveria também assumir uma posição neste desafio.
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info: https://www.tu-darmstadt.de/index.en.jsp